martes, 30 de noviembre de 2010

rebeldes em ação

Oi gente! Tudo bom?

Estamos aqui de volta, depois de uma semana plena de atividades. No dia 25 de novembro, Dia Internacional de Combate violência contra as mulheres, estivemos no centro de Porto Alegre, com a palavra de ordem Na violência contra a mulher, a gente mete a colher. Ainda não estão subidas as nossas fotos, pois estamos com o computador no Doutor, mas em breve estarão na bloga e linkadas a partir de nossa página.

A atividade foi muito bakana e nos deixou com vontade de mais, vemos como é necessário seguir investindo nessa ponte entre a teoria e a prática em que a gente já vem trabalhando. Muitas mulheres se aproximaram para conversar, para pedir dados sobre a questão do aborto e sobre como agir com os maridos violentos. Também para contar que muitas já tinham feito denúncias, “mandado os homens embora”, que não suportaram em silêncio. Que bom! Como sempre, nunca faltaram as provocações e “piadas” dos homens que resistem a perder seus privilégios de homem-rei.

Na caminhada que fizemos na Rua da Praia, foi lindo ver pessoas batendo palmas e acompanhando as nossas palavras de ordem e cantos.

Aqui deixamos os links das fotografias feitas pelxs compas dos grupos parceiros Ação anti sexista http://www.flickr.com/photos/acaoantisexista/sets/72157625353587825/ e Resistência Popular http://resistenciapopular.blogspot.com/

No domingo aconteceram dois eventos que poderíamos dizer que são bem diferentes entre si. O primeiro, a 14º Parada Livre de Porto Alegre, organizada pelo movimento LGBT, o segundo um bate papo com Leonor Silvestri sobre post-pornografia desde uma visão queer no Moinho Negro (novo e muito bakana espaço anarkista da cidade).

Embora muita gente acredite que LGBT e queer é parecido, desde a nossa visão e ativismo radikal, que luta para chegar as raízes do sistema, são muito diferentes. Vejamos como foi o que aconteceu. A Parada foi feita com o propósito de “pedir respeito” e começou com o Hino Nacional, não sabemos se isto foi idéia da Marceli, do grupo Igualdade, ou de todas as entidades que estavam na organização, assim mesmo demonstra como frente a uma mesma realidade, pode-se assumir atitudes tão diferentes.

Enquanto isso, outro grupo na mesma cidade, com pessoas e sexualidades não hegemônicas e multiplicidade de gênerxs, discutiam sobre a construção de outras realidades. A “desculpa” foi a passagem da pornô terrorista LS pela cidade, mas acreditamos que as provocações conseguiram ir além da proposta inicial. Uma vez mais aproveitamos em dizer, como já o fizemos no cartão postal: as sexualidades e atitudes polítikas que desorganizam e reconstroem relações são necessarias para nossa luta, porque todas somos mulheres |lésbikas rebeldes.

Convidamos todas vocês para nossa próxima reunião, nesta 5ª feira, estaremos lendo, falando e conversando de uma grande revolucionaria, a maravilhosa ROSA LUXEMBURGO. Não percam!

Nos encontramos no Assentamento Urbano Utopia e Luta. Quinta-feira, 2 de dezembro, as 18,30 hs

martes, 23 de noviembre de 2010

chega de violência! revolta JÁ !!

A violência dos homens contra as mulheres

é a fúria do sistema contra a metade da humanidade.

por mulheres rebeldes[1]

primeiro em língua brasilera

Uma mulher, outra, que decidiu se libertar.

Não sabemos se Tatiana Aparecida Zomer Almeida, mais conhecida como Tati, conhecia essa palavra. Sucedeu que um bom dia, cansada de tantas injustiças, decidiu participar das reuniões que faziam as companheiras catadoras de lixo. Ali encontrava independência, vida, dizia enquanto levantava os olhos procurando o céu.

Quando se parte para a luta, se localiza no espaço do coletivo e saindo do “quartinho individual” e da sensação de isolamento, é assim que nos sentimos “empoderadas”. Sim, com poder, dona de si própria. Isso provoca reações naquelas pessoas que não desejam o mesmo.

Vivemos numa ditadura patriarcal, onde nem o sistema, nem seus homens estão dispostos a permitir que as mulheres provemos do mel da liberdade. Muitos ainda acreditam que nossa função primeira é servi-los. Que essa é a nossa missão, e eles são nossos donos. Quando uma mulher se casa deixa de ser DO pai para passar a ser DO marido. Tanto é assim que até hoje, na Argentina, as mulheres casadas são Fulana DE Tal. Esse DE é a marca da propriedade. No Brasil, como em tantos outros países, isso não é necessário, uma vez que as mulheres agregam o sobrenome do homem- quando não o substituem -, porém o contrário não ocorre. Os homens “SÃO completos”, as mulheres, segundo as crenças patriarcais, devem completar-se com seu meio laranjo ao lado. Senão, somos ou estamos “sós”; solteiras, soltas.

Foi assim que um homem como tantos, que não gostava que SUA mulher saísse de casa para “essas reuniões”, após reiteradas “advertências”, decidiu adotar uma atitude mais “forte”.

Procurou com o olhar a caixa de ferramentas e com decisão se dirigiu a ela, pegou o martelo e sentou-se para aguardar que Tati voltasse de “sua” reunião. Esperou que ela fechasse a porta e se jogou em cima dela, como um animal faminto. Foi tão frio e deliberado que, para que os gritos de Tati não fossem ouvidos, ligou o rádio em alto volume. A cada golpe gritava que não estava certo o que ela fazia, que era sua propriedade, que o homem deve ser obedecido, respeitado. Se agora estava sentindo dor, era tudo culpa sua, ela que havia procurado.

Assim Tatiana foi se apagando, ele a foi assassinando.

Ao terminar sua tarefa se dirigiu até a mesa, pegou um papel e um lápis e escreveu: “esta não trai mais”. Deixou sua mensagem “instrutiva” ao lado do corpo ainda quente. Abriu a porta e foi embora.

Nunca mais se ouviu falar dele, mas sabemos que está em liberdade, com a cumplicidade patriarcal – a fraternidade - de um sistema que estabelece que nós mulheres pertencemos aos homens. Neste sistema onde amor está associado à obediência, que alimenta a fantasia do amor romântico para que a gente deseje casar (ou ser caçada) e aceitar passivamente toda as opressões que esse romantismo acoberta. Sendo assim um elo obrigatório desta cadeia que deve se manter através da heterossexualidade necessariamente obrigatória, garantindo que a violência contra as mulheres possa prosseguir e se legitimar .

Sabemos que nem todos os movimentos populares triunfam, mas as causas que não se levam adiante tem sua derrota assegurada. Por isso saímos às ruas, gritamos e denunciamos.

Vamos nos empoderar, pela lembrança de tantas companheiras que seguem sendo assassinadas, por tantas de nós que sofremos diferentes tipos de violência patriarcal.

Tomaremos as ruas com gritos e cartazes, com raiva e uivos. Com pandeiros e notas musicais. É dessa forma que acreditamos e criamos nossos mundos. E que desejamos habitá-los.

Assim buscaremos a cumplicidade e a consciência de que a violência dos homens contra as mulheres é a fúria do sistema contra a metade da humanidade.

25 de novembro, Dia Internacional de Combate à violência contra as mulheres, gritamos BASTA, denunciamos que não fazemos parte desta farsa.

Por que somos somente algumas ativistas que temos raiva e não todas as mulheres, todas as pessoas? Venham somar-se a nós!

consciência = raiva = ação = mudanças

Nos vemos na quinta, 25 de Novembro, a partir das 11:00, na Esquina Democrática – Porto Alegre – RS

Te esperamos com cartazes, com raiva, com amor, com vontade de mudar este mundo.

La violencia de los hombres contra las mujeres

es la furia del sistema contra la mitad de la humanidad.

por mulheres rebeldes[2]

ahora en lengua argentina

Una mujer, otra, que decidió libertarse.

No sabemos si Tatiana Aparecida Zomer Almeida, más conocida como Tati, conocía esta palabra. Sucedió que un buen día, cansada de tantas injusticias, decidió unirse a otras compañeras que realizaban reuniones de Cartoneras. Allí encontraba independencia, vida decía mientras levantaba los ojos buscando el cielo.

Cuando una parte hacia la lucha, se ubica en el espacio de lo colectivo y sale del “cuartito individual”, se siente “empoderada”. Sí, con poder, dueña de sí misma. Eso provoca reacciones en quienes no desean lo mismo.

Vivimos en una dictadura patriarcal, donde ni el sistema ni sus hombres están dispuestos a que las mujeres conozcamos las mieles de la libertad. Muchos todavía creen que nuestra función primera es servirles a ellos. Que esa es nuestra misión aquí. Que ellos son nuestros dueños. Cuando una mujer se casa deja de ser DEL padre para pasar a ser DEL marido. En Argentina, tanto es así, que hasta hoy las mujeres casadas son Fulana DE Tal. Ese DE es la marca de propiedad. En Brasil, como en tantos otros países, no se necesita, las mujeres se agregan el apellido del hombre – cuando no lo sustituyen -, pero no pasa lo mismo a la inversa. Los hombres “SON completos”, las mujeres, según las creencias patriarcales, deben completarse con su medio naranjo al lado. Sino, somos o estamos “solas”.

Fue así, que un hombre como tantos, al que no le gustaba que SU mujer saliera de casa para ir a “esas reuniones”, luego de reiteradas “advertencias”, decidió tomar una represalia.

Buscó con la mirada la caja de herramientas y con decisión se dirigió a ella, tomó el martillo y se sentó a esperarla a que llegara de “su” reunión. Esperó a que Tati cerrara la puerta y se le tiró encima, cual fiera hambrienta. Fue tan frio y sus acciones premeditadas que, para que los gritos de Tati no se escucharan, encendió la radio, bien fuerte. Con cada golpe le gritaba que no era bueno lo que hacía, que ella le pertenecía a él, y que así debía ser, que él era hombre y merecía ser obedecido, respetado. Si sentía dolor, ahora, era su culpa, ella se la había buscado. Así Tatiana se fue apagando, él la fue asesinando.

Al terminar su tarea se dirigió hacia la mesa, buscó un papel, un lápiz y escribió: “Esta no traiciona más”. Dejó su mensaje mafioso al lado del cuerpo, todavía caliente. Abrió la puerta y se marchó.

No se supo nada más de él, pero sabemos que está en libertad. Con la complicidad patriarcal de un sistema que establece que las mujeres les pertenecemos a los hombres. Que asocia el amor a la obediencia, estimulando el amor romántico para que deseemos casarnos (o ser cazadas) y pertenecer a este sistema de opresiones. Siendo así otra presa del sistema, un eslabón obligado de esta cadena que debe mantenerse con la heterosexualidad necesariamente obligatoria para que esta violencia pueda ejercerse sobre las mujeres.

Sabemos que no todos los movimientos populares triunfan, pero las causas que no se llevan adelante tienen su derrota asegurada. Por eso salimos a las calles por eso gritamos y denunciamos.

Vamos a empoderarnos, por el recuerdo de tantas compañeras que siguen siendo asesinadas, por tantas de nosotras que sufrimos diferentes tipos de violencia patriarcal.

Tomaremos las calles con gritos y carteles, con rabias y aullidos. Con panderetas y corcheas. Es así que creemos y creamos nuestros mundos. Es así que deseamos habitarlo.

Así buscaremos complicidad y consciencia porque la violencia de los hombres contra las mujeres es la furia del sistema contra la mitad de la humanidad.

Este 25 de noviembre, Día Internacional de Combate a la violencia contra las mujeres, venimos a gritar BASTA, a denunciar que no somos parte de esta farsa.

¿Por qué somos solo algunas activistas las que tenemos rabia y no todas las mujeres, todas las personas?

¿Qué esperás para sumarte?

consciencia = rabia = acción = cambios

nos vemos el jueves 25 de Noviembre, a partir de las 11.00 en la Esquina Democrática – Porto Alegre – RS

Te esperamos con carteles, con rabia, con amor, con ganas de cambiar este mundo.

25 de novembro

Convidamos para manifestarmos - 25 DE NOVEMBRO - DIA INTERNACIONAL DO COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

okupação já, as ruas são nossas

esquina democrática, 11 horas, quinta-feira 25 de novembro

Leve cartazes e faixas,
maquiagem (batom e lápis para sangue e manchas roxas); camisetas para pintar com os stencils, tinta para spray. Colher de pau

porque ....

NA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, A GENTE METE A COLHER!





viernes, 19 de noviembre de 2010

post ELFLAC

subimos textos sobre o ELFLAC

confiram aqui

e deixem mensagens com comentarios
abraços rebeldes

domingo, 14 de noviembre de 2010

jueves, 11 de noviembre de 2010

martes, 2 de noviembre de 2010

ELFLAC - opinião


VIII ELFLAC[1], como un río, lleno de afluentes y márgenes[2]

o… cómo la teoría del Big Bang puede aplicarse al movimiento lésbico feminista

marian pessah[3]

primero en lengua argentina

a mis hermanas negras, indias, indígenas, campesinas

a las lesbianas luchadoras y revoltosas.

Llegué a Porto Alegre, y sólo al 9º día consigo sentarme a escribir. Hasta ahora salían más suspiros que ideas, me dediqué primero a editar las fotos, así continuaba navegando por ese bello y conflictivo río que fue durante 4 días el ELFLAC y me bañaba en sus aguas entre los brazos de Oxum y Yemanjá. Así fui esperando que las emociones pudieran traducirse en palabras.

Hilando rebeldías lésbicas feministas desde la raíz, Guatemala - 9 al 13 de octubre.

El Encuentro fue organizado por las compañeras de la Ekipa en tres grupos-ejes: Identidades; Cuerpos y sexualidades; Actuancias Políticas[4]. El debate era inicialmente lanzado por tres compañeras invitadas como ponentes, luego cada grupo haría su relatorio y a la mañana siguiente todas nos reuniríamos en plenaria donde cada grupo expondría lo debatido.

Al 2º día del encuentro, cuando nos encontrábamos todas juntas y a pleno, salió el tema más candente y la temperatura fue en aumento. Algunas compañeras comenzaron a pegarse carteles TODXS SOMOS TRANS. La respuesta fue inmediata, también por escrito, con carteles de YO AMO MI/TU VULVA. Un comentario sobre las sexualidades y la utilización de dildos como productos del sistema capitalista, también tuvo su respuesta: NO MÁS DILDOS, PLANTE SU PROPIO PEPINO ORGÁNICX.

Hubo agresiones que tomaron diferentes rumbos verbales hasta que se pidió bajar las aguas y los tonos en un intento de retomar el diálogo. La respuesta fue rápida y las portadoras de cartelitos se los quitaron.

Todo esto traslucía la necesidad de algunos sectores y personas de imponer un tema que hace años está presente y es la entrada de personas trans a los encuentros.

Arriesgaría a decir que la primera comunicación que hizo la EKIPA – Guate dio cabida a que todo esto se organizara, cuando afirmó que de las trans no se hablaría.

Imagino que este haya sido el estímulo más grande para que grandes organizaciones como Mulabi comenzaran a preparar sus “diálogos”. Sucedería días antes de que comenzara el Encuentro Lésbico Feminista Latinoamericano y Caribeño, en un hotel 5 estrellas en plena Guaterica, con unas 30 activistas elegidas a dedo y funcionando a puertas cerradas.

¿Será que son diálogos o monólogos? Me queda la misma pregunta del año pasado, cuando hubo otros “diálogos”, esta vez en Buenos Aires, del cual no he leído ni sabido absolutamente nada de lo que allí ocurrió. Siempre a puertas cerradas.

Por esto mismo, lo vivido en Guate este octubre, me parece un déjà vu con el EFLAC – sin L pero con muchas sapatões - acontecido en San Pablo 5 años atrás.

El 3º día, cansadas de pocos avances, se reformuló la dinámica y nos organizamos por afinidades. 1 - quienes trabajamos y deseamos la transformación desde la raíz; 2 - quienes creen en reformas, estados y leyes; 3 - Lesbianas Negras.

Casi podríamos decir que los dos primeros puntos fue un revival del año 97’ en Cartagena, Chile. Mucho se ha dicho de aquel VII EFLAC (sin L pero con muchas tortas) en el que decidieron separarse entre las Autónomas, las Institucionales y quienes no se identificaban ni con unas, ni con las otras, apodadas de “ninis”.

Talleres

De tarde, a partir de las 5,30 hs del 2º día, funcionaron los talleres; en una cantidad y variedad riquísima. Éramos dos grupos que proponíamos abordar un mismo tema, pero de DESOBEDIENTES que somos, hasta última hora nos debatíamos si participar, o escaparnos al del sujeto del feminismo. Como había una pequeña diferencia horaria, dejé a mis compañeras en ese y me fui a Romper la Monogamia Obligatoria, pensé en estar solo un ratito pero ahí me quedé. Decidimos que la coordinación estaría a cargo de las chicas del Poliamor, yo iba con más ganas de escuchar, que de hablar y coordinar, así que fue bárbaro.

Nuestro taller de RMO – Ruptura de la Monogamia Obligatoria,resultó un espacio de debate y construcción en el cual se hablaba desde las vivencias y experiencias, también desde los interrogantes de tener pocas referencias en un tema tan profundo como es intentar quitarnos el patriarcado y la propiedad privada de nuestros cuerpos, actitudes, y corazones. Nos volvimos a reunir en otras dos oportunidades, una de ellas de forma totalmente espontánea en la mesa de un bar.

Esto visibiliza el interés rupturista y de cambio que hay. Más allá de que algunas vengan por curiosidad, o por momentos coyunturales amatorios, se hace interesante dejar constancia de la importancia de este tema en nuestras relaciones y a la vez, se hace necesario revisar conceptos y preconceptos que tanto se debaten con teorías libertarias.

Fiestas

Las fiestas fueron un espacio muy singular. Especialmente la de la última noche en la que hicieron su presencia en el escenario – ya que estuvieron durante todo el encuentro con nosotras - las GranDiosas Krudas Cubensis.

Luego del show político-musical al que nos invitaron estas hermosas mujeres lesbianas, negras, gordas, vegetarianas e indepilables, se fue dando un momento absolutamente especial de despatriarcalización de nuestros cuerpos. Podíamos apreciar la belleza más allá de cuerpos colonizados, de tamaños y colores hegemónicos. Nos abrazábamos, nos sentíamos, nos besábamos, nos mirábamos y bailábamos. Fue mágico.

Lesbianizando el Big Bang

A partir de todas estas vivencias, un grupo de locas, agitadoras y, como siempre, desconformes con todo sistema que pretende instituirse, estamos confabulando un nuevo encuentro regional, en el cual el punto de partida sean nuestros cuerpos, la música y el arte.

Al término del encuentro un grupito nos fuimos al mar, y mientras caminábamos por las arenas volcánicas, soñábamos con habitar la libertad sin tantas teorías que ya no sabemos si nos representan, tampoco si nos identifican, pues es notable la cantidad de prácticas que no están acordes con sus enunciados.

Nos motiva ver que si a pesar de los quiebres ideológicos que hubieron, entre algunas pudimos encontrarnos en las márgenes de los ríos, en las fronteras del sistema, queremos continuar navegando este canal. Y probablemente después, a partir de estas nuevas vivencias, renovemos las teorías y hagamos otros análisis a los cuales muchas veces nos es imposible llegar desde las cuatro paredes del escritorio y la soledad de la computadora. Tal vez por eso haya tantas, tantísimas contradicciones entre teorías y prácticas, entre discursos lindísimos de rebeldías que llevan esposadas tantas opresiones y juicios.

Fue muy grato saber que otras compañeras que fueron al lago de Atitlán, y a las ruinas de Tikal, también habían conversado sobre la misma necesidad de “otra cosa” y “desde los cuerpos”.

Por eso, la sensación que tuve al final, es que los ELFLAC “ya fueron”. Vivimos una crisis que nos llevó al caos y al estallido. (¿Será porque hay tantos volcanes en Guatemala?) Así se produjo el gran Big Bang lésbico feminista. En lugar de un peso con tanta tensión al que le cueste moverse, como es mi visión de lo que acabó pasando con ELFLAC, podemos pensar en un estallido y que cada pedazo y chispa pueda rearmarse en cosas diferentes partiendo de un mismo his-herstórico.

No creo que tengamos que ser rehenes de nuestra propia historia. No me siento frustrada, como decían algunas compañeras, yo me siento renovada, me ilusiona mucho pensar en algo nuevo, transitar un estado de revolución permanente, y no, que en tres años vuelva más de lo mismo.

De hecho, veamos cómo sigue todo

En la plenaria final, o una de ellas, Paraguay que venía con muchas ganas de ser sede del próximo ELFLAC, dijo que hará un encuentro lésbico feminista con presencia de trans.

Las lesbianas negras se sintieron – y de hecho lo fueron – discriminadas y atravesadas por la blanquitud predominante en el encuentro. En un protesto realizado en momento de plenaria, dijeron que si el próximo ELFLAC no se realiza en un país afro, se retiran. Se van a tomar 6 meses para responder por el lugar. Como segunda sede quedó Bolivia.

Me parece que aquí hay una nueva muestra de cómo ciertos intereses trajeron, impusieron “la cuestión trans” como única e intentaron dominar el encuentro sin preguntarse qué pasaba o les pasaba a las compañeras negras que tantas veces se reunían a parte por no verse reflejadas dentro del Encuentro, en los discursos y acciones. ¿Qué pasó que un ELFLAC realizado en Guatemala, cuya población indígena supera el 70%, solo hubieran 3 lesbianas asumidamente indias-indígenas?

Es evidente que algunos intereses pasaron por encima de las transversalidades que proponía la EKIPA en su metodología de trabajo.

Si se continúa por esta vía, el próximo ELFLAC puede ser en un país afro, pero atravesado nuevamente por la blanquitud del sistema.

Creo que no es el lugar físico, ni el afuera. Es el adentro y sus prácticas. Como dice el maestro Vinicius de Moraes “es que el samba nació allá, en Bahía, y si hoy es blanco en la poesía, él es muy negro en el corazón”.

Sean bienvenidos todos los pedazos y chispas de acciones que ha generado este caótico VIII ELFLAC en Guatechida, Guatelinda, Guatecolorida. Guaterica y sabrosa.

No sé de futuro.

Sé que en el presente muchas de las que hemos vivenciado el VIII ELFLAC volvimos hechas una mar, inquietas y revueltas.

Levanto mi copa y brindo por el caos, ¿el cosmos? Ya veremos…

Mientras tanto me quedo aquí, sintiendo el atardecer en Porto Alegre, el sol se esconde en las aguas del río y yo, como siempre atrapada entre dos aguas las de Oxum y la mar de Yemanjá.

marian pessah

Porto Alegre, oktubre de 2010

VIII ELFLAC[5], como um rio, cheio de afluentes e margens[6]

ou… como a teoria do Big Bang pode ser aplicada ao movimento lésbico feminista

marian pessah[7]

agora em língua brasileira

para minhas irmãs índias, indígenas, camponesas

para as lésbicas lutadoras e revoltosas.

Voltei à Porto Alegre e só no 9º dia consegui sentar e escrever. Até agora saíam mais suspiros que idéias. Primeiro me dediquei a editar as fotos, assim continuava navegando por esse rio revolto e conturbado que foram os 4 dias do ELFLAC e me banhava nas águas, nos braços de Oxum e Yemanjá. Assim fui esperando que as emoções pudessem ser traduzidas em palavras.

Tecendo rebeldias lésbicas feministas desde a raiz, Guatemala - 9 a 13 de outubro.

O Encontro foi organizado pelas companheiras da Ekipa em três grupos-eixos: Identidades; Corpos e sexualidades; Atuações Políticas[8]. O debate começava a partir das propostas lançadas por três companheiras convidadas como palestrantes, depois cada grupo fazia seu relatório e na manhã seguinte todas nos reuniríamos na plenária onde cada grupo exporia o debatido.

No 2º dia do encontro, quando nos encontrávamos todas juntas e a pleno, saiu o tema mais candente e a temperatura se elevou. Algumas companheiras começaram a se colar bilhetes TODXS SOMOS TRANS. A resposta foi imediata, também por escrito, EU AMO MINHA/TUA VULVA. Um comentário sobre as sexualidades e a utilização de dildos como produtos do sistema capitalista, também teve sua resposta: NÃO MAIS DILDOS, PLANTE SEU PRÓPRIO PEPINO ORGÁNICX.

Houve agressões que tomaram diferentes rumos verbais até que se pediu para baixar as águas e os tons para que se retomasse o diálogo. A resposta foi rápida e as portadoras de bilhetes os tiraram.

Tudo isto traduzia a necessidade de alguns setores e pessoas de impor um tema que já está presente há anos e se refere à entrada de pessoas trans nos encontros.

Arriscaria a dizer que a primeira comunicação que fez a EKIPA – Guate deu margem para que isso acontecesse, quando afirmou que não se falaria de trans.

Imagino que esse tenha sido o estímulo para que grandes organizações como Mulabi tomassem a iniciativa de preparar os “diálogos”. Aconteceriam dias antes do início do Encontro Lésbico Feminista Latinoamericano e Caribenho, num hotel 5 estrelas em plena Guaterica, com umas 30 ativistas escolhidas a dedo e funcionando a portas fechadas.

Seriam diálogos ou monólogos? Fico com a mesma pergunta do ano passado, quando aconteceram outros “diálogos”, desta vez em Buenos Aires, sobre os quais não tive nenhuma informação, não tomei conhecimento, nem li nada do que ali se passou Sempre de portas fechadas.

Por isso mesmo, o vivido em Guate neste outubro, me parece um déjà vu com o EFLAC – sem L mas com muitas sapatões - acontecido em São Paulo 5 anos atrás.

No 3º dia, cansadas de poucos progressos, reformulamos a dinâmica e nos organizamos por afinidades. 1 – as que trabalham e desejam a transformação desde a raiz; 2 – as que acreditam em reformas, estados e leis; 3 - Lésbicas Negras.

Quase poderíamos dizer que os dois primeiros pontos foram um revival do ano 97 em Cartagena, Chile. Muito tem se dito daquele VII EFLAC (sem L mas cheio de tortas) quando as participantes decidiram separar-se entre Autônomas, Institucionais e aquelas que não se identificavam nem com umas, nem com outras, apelidadas de “ninis”.

Oficinas

De tarde, a partir das 17,30 hs do 2º dia, funcionaram as oficinas em uma quantidade e variedade riquíssima. Éramos dos grupos que propunham abordar um mesmo tema, mas de DESOBEDIENTES que somos, nos debatemos até última hora se devíamos ou não participar, ou escapar para o sujeito do feminismo. Como havia uma certa diferença de horário entre uma oficina e outra, deixei as minhas companheiras e fui Romper a Monogamia Obrigatória, pensei em ficar só um pouquinho, mas acabei participando o tempo todo. Decidimos que a coordenação ficaria com as meninas do Poliamor, eu queria mais escutar do que falar e coordenar, assim que foi bárbaro.

Nossa oficina de RMO – Ruptura da Monogamia Obrigatória, resultou num espaço de debate e construção no qual se falava a partir de vivências e experiências, também a partir dos questionamentos de ter poucas referências sobre um tema tão profundo como o de tentar expulsar o patriarcado e a propriedade privada de nossos corpos, atitudes e coração. Voltamos a nos reunir em duas outras oportunidades, uma delas de forma totalmente espontânea, na mesa de um bar.

Isso visibiliza o interesse rupturista e de mudança que está presente. Mais além do fato de algumas virem por curiosidade, ou motivadas por momentos amatórios conjunturais, é interessante deixar registrada a importância desse tema em nossas relações e ao mesmo tempo, se faz necessário revisar conceitos e preconceitos que tanto se contradizem com as teorias libertárias.

Festas

As festas foram um espaço muito singular. Especialmente a da última noite, quando marcaram sua presença na cena- já que estiveram durante todo o encontro conosco – as GranDiosas Krudas Cubensis.

Já durante o show político-musical para o qual nos convidaram estas mulheres lindas, lésbicas, negras, gordas, vegetarianas e indepiláveis, foi acontecendo um movimento absolutamente especial de despatriarcalização de nossos corpos. Conseguimos apreciar a beleza mais além de corpos colonizados, de tamanhos e cores hegemônicas. Nos abraçávamos, nos olhávamos, beijávamos e dançávamos. Foi mágico.

Lesbianizando o Big Bang

A partir de todas essas vivências, um grupo de loucas, agitadoras e, como sempre, inconformadas com todo o sistema que pretende estabelecer-se, começamos a confabular um novo encontro regional, cujo ponto de partida sejam nossos corpos, a música e a arte.

Ao término do encontro, um grupinho fomos para o mar e, enquanto caminhávamos pelas areias vulcânicas, sonhávamos em habitar a liberdade sem tantas teorias que já não sabemos se nos representam, tampouco se nos identificam, porque é notável a quantidade de práticas que não estão alinhadas com seus enunciados.

Nos motiva ver que se apesar das rupturas ideológicas que ocorreram entre algumas, podemos encontra-nos nas margens dos rios, nas fronteiras do sistema, queremos continuar navegando por este canal. E provavelmente depois, a partir destas novas vivências, renovaremos as teorias e faremos outras análises onde muitas vezes não é possível chegar protegidas pelas quatro paredes dos escritórios e pela solidão do computador. Talvez por isso existam tantas, tantíssimas contradições entre teorias e práticas, entre lindos discursos de rebeldias que escondem tantas opressões e prejuízos.

Foi muito bakana saber que outras companheiras que foram ao lago de Atitlán e às ruinas de Tikal, também haviam conversado sobre a mesma necessidade de “outra coisa” e de refletir “a partir dos corpos”.

Por isso, a sensação que tive no final, é de que os ELFLAC “já eram”. Vivemos uma crise que nos levou ao caos e à explosão. (Será por causa dos vulcões da Guatemala?) Assim se produziu o Big Bang lésbico feminista. Em lugar de um peso com tanta tensão que nos impede os movimentos, como é minha visão do que acabou passando com ELFLAC. Podemos pensar numa explosão onde cada pedaço e estilhaço possa se reagrupar de maneiras diferentes partindo de um mesmo his-herstórico.

Não creio que tenhamos que ser reféns do nosso passado. Não me sinto frustrada, como diziam algumas companheiras, me sinto renovada, me anima muito pensar em algo novo, em transitar em estado de revolução permanente, e não, que daqui a três anos volte mais do mesmo.

De fato, vejamos como tudo segue.

Na plenária final, ou numa delas, Paraguai que vinha com muita vontade de ser sede do próximo ELFLAC, disse que fará um encontro lésbico feminista com presença das trans.

As lésbicas negras se sentiram – e de fato foram – discriminadas e atravessadas pela branquitude dominante no encontro. Em um protesto realizado durante uma plenária, manifestaram que se o próximo ELFLAC não se realizar num país afro, elas se retiram. Até dentro de 6 meses irão se posicionar sobre o lugar. Como segunda sede ficou Bolívia.

Me parece que aqui há uma nova mostra de como certos interesses acabaram impondo “a questão trans” como única e tentaram dominar o encontro sem perguntar-se o que ocorria com as companheiras negras que tantas vezes se reuniam a parte porque não se viam refletidas dentro do Encontro, nos discursos e ações.

Que aconteceu que num ELFLAC realizado na Guatemala, cuja população indígena representa mais de 70% do total, só houvessem 3 lésbicas assumidamente indias-indígenas?

É evidente que alguns interesses passaram por cima das transversalidades que propunha a EKIPA em sua metodologia de trabalho.

Continuando por esta via, o próximo ELFLAC poderá ser em um país afro, mas atravessado novamente pela branquitude do sistema.

Creio que não é o lugar físico, nem o entorno. É o interno e suas práticas. Como diz o mestre Vinicius de Moraes “o samba nasceu lá na Bahia, e se hoje ele branco na poesia ele é negro demais no coração”.

Sejam bem-vindos todos os pedaços e estilhaços de ações que geraram este caótico VIII ELFLAC em Guatechida, Guatelinda, Guatecolorida. Guaterica e saborosa.

Não sei do futuro.

Sei que no presente muitas das que vivenciamos o VIII ELFLAC voltamos como a mar, inquietas e revoltas.

Levanto minha taça e brindo pelo caos. O cosmos? Já veremos…

Enquanto isso, fico aqui sentindo o entardecer em Porto Alegre, o sol se esconde nas águas do rio e eu, como sempre, misturada entre duas águas, as de Oxum e de Yemanjá.

marian pessah

Porto Alegre, oktubre de 2010


[1] Encuentro Lésbico Feminista de Latino-América y el Caribe

[3] Artivista, grupo Mulheres Rebeldes www.mulheresrebeldes.org

[4] Recomiendo escuchar los audios de Radio Internacional Feminista http://www.radiofeminista.net/index.php/en/recursos/audios-2010/237-galeria-de-audios.html

[5] Encontro Lésbico Feminista de Latino-América e o Caribe

[7] Artivista, grupo Mulheres Rebeldes www.mulheresrebeldes.org

[8] Recomendo escutar os áudios da Radio Internacional Feminista http://www.radiofeminista.net/index.php/en/recursos/audios-2010/237-galeria-de-audios.html