martes, 27 de julio de 2010

Nem ama nem escrava

editorial da bloga em rebeldia do 25 de maio de 2007

Nem ama nem escrava

Nesta sexta, para variar, estamos em FÚRIA, isso quer dizer: estamos cheias de energia para a luta.

Necessitamos recordar sempre que o machismo, a misoginia e o feminicidio seguem tão ativos como antes.

A gente se pergunta se deveríamos estar contentes de que no Chile, o Sr. Alfredo Cabrera Opazo tenha sido condenado a perpétua por jogar sua filha Javierita, de 7 anos, pela sacada. O assassino tinha a intenção de castigar mais brutalmente a Claudia, com quem estava casado e era mãe da menina, e que jazia imóvel no chão, quase morta, pelos golpes que tinha sofrido do sujeito.

Infelizmente, nossa consciência não nos permite apenas festejar essa condenação. Este caso é mais uma manifestação estrutural de violência que apenas uma condenação não pode mudar. É óbvio que estamos satisfeitas com a resolução do caso, mas o que gera mais RAIVA é saber e ter a consciência de que enquanto se conheciam os resultados, outras Javieritas estavam sendo assassinadas e outras Claudias estavam sendo violentamente agredidas.

Enquanto isso, na Argentina, proibiam a Ana María Acevedo a possibilidade de abortar; tinha 3 filxs menores de 5 anos e estava com câncer. Xs 3 haviam nascido por cesárea, a possibilidade de uma quarta, implicaria em risco grave. Porém, o mandamento rezava não abortarás. Anteriormente haviam proibido a Ana María de fazer uma ligadura de trompas. Fica evidenciado o sistema selvagem em que as mulheres estamos expostas. Mas isso não é tudo, com a “justificativa” de sua gravidez, foi negado seu direito a uma quimioterapia. Queremos gritar, uma vez mais, nossa raiva contra a sociedade patriarcal, classista e misógina. Ana Maria não era apenas muito pobre, também era analfabeta e desconhecia seus direitos. Ela morreu na quinta, 17 de maio (em 2007), tinha apenas 20 anos. Existe justiça no ato de deixar órfãs a crianças de 1, 3 e 4 anos de idade?

Tirem seus rosários de nossos ovários!

Continua nos enraivecendo quando escutamos pessoas que consideram que haver uma Condolezza sentada no poder da gringolandya represente um avanço, que pensem que o mundo hoje é mais justo e igual para homens e mulheres e que o machismo é coisa do passado.

O que relatamos acima não são pequenos extratos da seção policial do diário, são pequenas ilustrações de nossas vidas, o que sucede é que essas coisas não são notícia para a imprensa comum, mas para nós SIM. Temos que visibilizar sempre esses casos para poder mudar nossa realidade, a de todas as pessoas, sem distinção de sexos, nem de gêneros. Acreditamos que ainda se desconhece o que é feminismo. Muitas pessoas ainda acreditam que é o oposto do machismo.

Decidimos que nosso ranguinho de hoje virá servido de forma tentadora sobre uma bandeja muito especial, uma espécie de resumo dos inícios do feminismo e de algumas de suas principais correntes. Essa bandeja virá trazida pelas irreverentes mãos de nossas companheiras anarkistas e em coro nos perguntamos: de que avanço estamos falando e de que mulheres? Das que observam a vida sentadas de suas poltronas, contentes de que seus maridos saibam diferenciar o detergente do amaciante? Ou das que queremos transformar a sociedade a partir das estruturas, para que nenhuma das partes seja privilegiada sobre outra classe ou categoria social?

Recordemos agora e sempre:

  Educação sexual para decidir, anticoncepcionais para não abortar, aborto legal para não morrer.
Não entramos na discussão se o feto tem vida ou não. Vemos, nos vemos, morrendo pela quantidade de abortos clandestinos que se realizam. Recordemos que as mulheres com dinheiro podem escolher se abortam ou não, mas as pobres, não tem como escolher. Por isso o tema do aborto é uma questão de classe.

28 de maio Dia mundial de ação pela saúde das mulheres

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