martes, 30 de marzo de 2010

Memória, Verdade e Justiça


primeiro em língua brasileira

por mulheres rebeldes

O 24 de março, na Argentina, é uma data marcada em vermelho no calendário dedicada à Memória, à Verdade e à Justiça e marca o terrível e cruento golpe militar. Em 2010 se completaram 34 anos. Os golpes nos ferem a todxs. Esse dia, para combater a dor e o esquecimento, realizaram-se manifestações em todo o país, com dezenas de milhares de pessoas que denunciaram a participação das multinacionais, da Igreja, da imprensa e de muitos sindicatos. A multidão se reuniu para exigir a punição de todos os torturadores, acobertados por uma rede espalhada e atuante nas instituições argentinas.

Denunciamos que poucos dias depois, no 29 de março, foi assassinada a punhaladas Silvia Suppo, uma das principais testemunhas do atual julgamento das juntas militares. “Falou da violência sexual, do estupro como prática de tortura especialmente contra as mulheres, uma prática sistemática, um delito a parte”.

Esses 34 anos nos encontram com uma hondura muito grande em nossos peitos internacionalistas. Desde 28 de junho passado, nosso país irmão caribenho sofreu um golpe de estado. Desde então, a luta que se está levando em Honduras se transformou em uma constante. As manifestações de rua são permanentes, sabendo-se que a única luta que se perde, é a que se abandona. Isso tem incomodado muito ao Lobo, que não consegue parar de uivar. Mas, esses ruídos agudos poderiam provocar o despertar de um povo - que não é nenhum cordeirinho - contra um presidente que não foi eleito pela maioria. Recordemos que houve um pacto de lobos, sai Micheletti e entra Porfirio Lobo Sosa destruindo toda e qualquer provável suspeita de iligemitidade, enquanto que este Porfirio, é muito pouco legítimo, já que 60% da população não foi votar, ou anulou seu voto. Este governo “legitimado” a força, que já está sendo reconhecido pela maioria dos países da comunidade européia, continua assassinando e perseguindo o povo.

Nos últimos dias, como mostra um documento recebido “ESTAMOS SENDO CAÇADxS, APRISIONADxS, INTIMIDADxS, PERSEGUIDxS...” Hoje, em Honduras, há muitos lobos a solta que pretendem meter medo na população rebelde.

No Brasil é necessário abrir os olhos. Neste 1º de abril se cumprirão 46 anos do golpe de 64. Vamos nos inspirar na garra aktiva das Feministas em Resistência de Honduras, do povo argentino, de tantos grupos que estão nas ruas escrevendo nos muros, em suas páginas e blogs de Internet para ver e questionar onde estamos e onde queremos chegar.

Brasil, como diria Cazuza, mostra tua cara! Será que nós vamos continuar sendo o povo bonzinho e pacífico da América Latina, o povo que tudo perdoa, esquece e se reconcilia com o agressor tomando um chopinho no boteco da esquina?

É preciso abrir já os arquivos da ditadura, é preciso banir os torturadores que ainda estão presentes em todas as esferas da vida pública neste País. Tudo por conta da nossa falta de memória construída e aparelhada pela grande mídia. Vamos seguir o exemplo da Argentina e denunciar as multinacionais que financiaram o golpe, o país que treinou nossos algozes e torturadores, os parlamentares e governantes (vivos e mortos) que se calaram e contribuíram para as prisões e denúncias. As surpresas serão muitas para a nova geração que foi convencida de que a Ditadura no Brasil é apenas mais um episódio do passado longínquo.

Vamos pensar, questionar, fazer, porque talvez este não seja o mundo com que sonhamos habitar, menos ainda deixar para as gerações futuras.

Nomear, mencionar, recordar, gritar, abrir os arquivos é dar existência a nossxs desaparecidxs, é continuar vivxs e lutando. Por nosso passado, nosso presente e nosso futuro.

Recordar é estar em movimento.

Não nos interessam as comparações patriarcais de quem teve a maior ditadura. Rejeitamos veementemente a estupidez divulgada pela Folha de São Paulo que qualificou a ditadura brasileira de dita-branda, na comparação com os países vizinhos. Queremos lutar para que ninguém se outorgue arbitrariamente o poder, para que não haja mais desaparições forçadas de pessoas.

Fiquemos de olho no Chile, seu presidente eleito é um empresário de extrema direita e, no México, governa um presidente que fraudou as eleições.

É preciso ter muito nítido que as ditaduras que ocorreram simultaneamente nos anos 60/80 na AL foram um plano urdido a partir dos EUA, com o apoio das burguesias e latifundiários nacionais, para implantar à força o neoliberalismo nos países em que se desenhava um modelo original de crescimento, com maior justiça social.

Propomos apoiar o projeto de Marcelo Fabián Monges – divulgado pelo grande kompanheiro Osvaldo Bayer em http://www.pagina12.com.ar/diario/contratapa/13-142765-2010-03-27.html - para penalizar golpes de Estado “como delito jurídico internacional e aprovar uma convenção contra os golpes de Estado”. “Nunca mais dar refúgio a autores de assassinatos políticos, nunca mais prisões por ideologia, torturas, crimes, desaparições, tudo isso engendrado pelos golpes militares – quase sempre impulsionados pelos poderes econômicos – que conduziram à tragédia nações que conviviam em paz e democracia”.

Estamos lutando para que não aconteça mais um 11 de setembro pelas mãos dos milicos em nossas terras, cabeças e estados. Porque somos nós que queremos escolher por nosso estado de consciência.

Propomos que o Brasil, e todos os países de AMLAC, façam a data vermelha no dia do golpe, e que essa também seja da Memória, Verdade e Justiça.

Por isso, como cantava, la Negra Sosa (á luta), fogata de amor y guía, razón de vivir mi vida.

ahora en lengua argentina

Memoria, Verdad y Justicia

por mulheres rebeldes

El 24 de marzo, en Argentina, es una fecha marcada a rojo vivo en el calendario para la Memoria, la Verdad y la Justicia. En 2010 se cumplieron 34 años del golpe militar. Los golpes nos duelen a todxs. Ese día, para combatir el dolor y el olvido, hubo manifestaciones en todo el país, con decenas de miles de personas que denunciaron la participación de las multinacionales, la Iglesia, la prensa y muchos sindicatos. Se exige la punición de todos los torturadores, encubiertos por una red difundida por todas las instituciones argentinas.

Denunciamos que pocos días después, el 29 de marzo fue asesinada a puñaladas Silvia Suppo, una de las principales testigas del juicio actual a las juntas. “Habló de la violencia sexual, de la violación como práctica de tortura especial contra las mujeres, una práctica sistemática, un delito aparte”.

Estos 34 años nos encuentran con una hondura muy grande en nuestros pechos internacionalistas. Desde el pasado 28 de junio, nuestro país hermano caribeño sufrió un golpe de estado. Desde entonces, la lucha se ha transformado en una constante que se está llevando en Honduras. Son permanentes las manifestaciones en las calles, sabiendo que la única lucha que se pierde, es la que se abandona. Esto lo tiene muy incómodo al Lobo, al punto de no parar de aullar. Pero estos ruidos agudos podrían llegar a despertar a un pueblo – que no es ningún cordero - con un presidente no elegido por la mayoría. Recordemos que hubo un pacto de lobos, sale Micheletti y entra Porfirio Lobo Sosa borrando toda y cualquier probable sospecha de ilegitimidad, mientras que el muy Porfirio, es muy poco legítimo, ya que el 60% de la población, no fue a votar, o anuló su voto. Este gobierno “legitimo”, aceptado por la mayoría de los países de la comunidad europea, continúa asesinando y persiguiendo al pueblo.

En los últimos días, como dice un documento recibido “ESTAMOS SIENDO CAZADxS, APRESADxS, INTIMIDADxS, PERSEGUIDxS...” Hoy, en Honduras, hay muchos lobos sueltos que pretender meter miedo a la población rebelde.

En Brasil es necesario que abramos los ojos.

Este 1º de abril, se cumplirán 46 años del golpe de estado del 64. Aprovechemos la garra aktiva de las Feministas en Resistencia en Honduras, del pueblo argentino, de tantos grupos que están en las calles escribiendo los muros, en sus páginas y blogs de Internet para ver y cuestionar dónde estamos, y dónde queremos estar.

Brasil, como diría Cazuza, ¡mostra tua cara! ¿Será que nosotrxs vamos a continuar siendo el pueblo buenito y pacífico de América Latina, el que siempre todo lo perdona, olvida y se reconcilia con el agresor tomando una birrita en el bar de la esquina?

Es necesario abrir YA los archivos de la dictadura, es preciso sacar de la vida activa a los torturadores que todavía están presentes en todas las esferas de la vida pública en este País. Todo por nuestra falta de memoria construida y direccionada por la prensa hegemónica. Sigamos el ejemplo de la Argentina, denunciemos las multinacionales que financiaron el golpe, el país que entrenó a los torturadores, a lxs parlamentares y gobernantes (vivxs y muertxs) que se callaron y fueron cómplices de las prisiones y denuncias. Las sorpresas serán muchas para las nuevas generaciones que fueron convencidas de que la Dictadura en Brasil es apenas un episodio del pasado lejano.

Pensemos, cuestionemos, hagamos, porque tal vez, este no sea el mundo con el que soñamos habitar, menos aun, dejar a futuras generaciones.

Nombrar, mencionar, recordar, gritar, abrir los archivos es dar existencia a nuestrxs desaparecidxs, es continuar vivxs y luchando. Por nuestro pasado, nuestro presente y nuestro futuro.

Recordar, es estar en movimiento.

No nos interesan las comparaciones patriarcales de quién tuvo la dictadura más grande, rechazamos con vehemencia el comentario hecho por el diario Folha de São Paulo, cuando escribió que Brasil había tenido una dicta-blanda, en comparación a los países vecinos.

Queremos luchar para que nadie se otorgue arbitrariamente el poder, que no haya más desapariciones forzadas de personas.

Estemos atentxs con Chile, su presidente electo es un empresario de extrema derecha, y en México, gobierna un presidente fraudulento.

Se hace necesario tener bien nítido que las dictaduras que acontecieron simultáneamente en los años 60/80 en AMLAC fueron un plan urdido a partir de los EUA, con el apoyo de las burguesías y latifundistas nacionales, para implantar a la fuerza el neoliberalismo en los países en que se diseñaba un modelo original de crecimiento, con mayor justicia social.

Proponemos apoyar el proyecto de Marcelo Fabián Monges - difundido por el gran compañero Osvaldo Bayer en http://www.pagina12.com.ar/diario/contratapa/13-142765-2010-03-27.html - para penalizar el golpe de Estado “como delito jurídico internacional y de una convención contra los golpes de Estado”. “Nunca más dar refugio a los autores de asesinatos políticos, prisiones por ideología, torturas, crímenes, desapariciones, todo eso engendrado en los golpes militares –casi siempre impulsados por los poderes económicos – que han llevado la tragedia a naciones que convivían en paz y democracia”.

Estamos luchando para que no haya nunca más un 11 de septiembre de las manos de los milicos en nuestras tierras, cabezas y estados.

Porque somos nosotrxs que queremos elegir y optar por nuestro estado de conciencia.

Proponemos que Brasil, y todos los países de AMLAC, realicen su fecha al rojo vivo, en el día que se conmemora el golpe de estado, y que esa también sea la fecha de la Memoria, la Verdad y la Justicia.

Por eso, como (le) cantaba la Negra Sosa (a la lucha), fogata de amor y guía, razón de vivir mi vida.

lunes, 29 de marzo de 2010

Honduras - COMUNICADO

-Feministas en Resistencia ante el agravamiento de la represión en Honduras-



Las Feministas en Resistencia (FER) participan a todas las organizaciones de mujeres democráticas e independientes, a las organizaciones defensoras de los derechos de las mujeres, a las personalidades comprometidas con la defensa de los derechos humanos, a las feministas, a las profesionales y al pueblo hondureño en general que:

1. Las compañeras Erlinda Reyes y Alina Aguilar, miembras distinguidas del Sindicato de Trabajadores de la Universidad Nacional Autónoma de Honduras (SITRAUNAH) fueron capturadas el día 24 del presente mes y trasladadas al Juzgado de Letras de lo Penal de la seccional de Tegucigalpa. Ahí fueron acusadas por la comisión los delitos de sedición, usurpación y coacción en perjuicio del Estado de Honduras. Luego se les dictó arresto domiciliario y el día viernes 26 les dictaron medidas sustitutivas, como si se tratara de delincuentes comunes.

2. El día de ayer viernes 26 de marzo nuestra compañera, la poeta Rebeca Becerra, denunció que a eso de las 3:30 de la madrugada fue, una vez más, víctima de persecución e intimidación. Ella declara abiertamente que hace responsable al gobierno de Porfirio Lobo Sosa, a la Secretaría de Seguridad y los implicados en su caso por lo que pueda sucederle a ella y a sus hijas. Denuncia que formalizó en el Comité de Familiares Detenidos Desaparecidos de Honduras COFADEH.

Por tanto demandamos con más firmeza que nunca:

1. La condena enérgica por parte de todas las organizaciones de mujeres del mundo de la brutal represión de la que son víctimas las mujeres miembras de las Resistencia Popular en nuestro país.

2. La solidaridad internacional ante la situación de impunidad que prevalece ante los crímenes perpetrados en contra de las mujeres y miembras/os de la comunidad LGTBI.

3. Su enérgica y unánime demanda a las autoridades del Estado hondureño para que se investiguen y castiguen los hechos criminales que se están cometiendo en total impunidad contra la seguridad de las mujeres y de todo ciudadano/a que ejerce su derecho a disentir y que luchan, por medios pacíficos, para lograr la transformació n de la sociedad hondureña.

¡Alto a la represión!

¡Por la libertad y el respeto a la vida del pueblo en resistencia!

¡Ni golpes de Estado ni golpes a las mujeres!

¡Por la emancipación de la mujer y de todos los oprimidos!



27 de marzo de 2010

sábado, 27 de marzo de 2010

viernes, 26 de marzo de 2010

Políticas del nombrar(se). Las escapatorias del feminismo hegemónico

valeria flores

“Dicen, desgraciada, te han expulsado del mundo de los signos, y no obstante te han dado nombre, te han llamado esclava, a ti, desgraciada esclava. Como dueños han ejercido su derecho de dueños. Escriben sobre este derecho de dar nombres que llega hasta el extremo de que se puede considerar el origen del lenguaje como un acto de autoridad que emana de los que dominan. De esta forma dicen que han dicho, esto es tal o tal cosa, han unido a un objeto y a un hecho tal vocablo y por esto por así decirlo se los han apropiado. Dicen, al mismo tiempo, han gritado vociferando con todas sus fuerzas para reducirte al silencio. Dicen, el lenguaje que tú hablas envenenan la glotis la lengua el paladar los labios. Dicen, el lenguaje que tú hablas está hecho de signos que propiamente hablando designan las cosas de las que se han apropiado. Lo que no aparece en el lenguaje que hablas es lo que no han podido arrebatar, lo que no han fundido como rapaces de múltiples ojos. Esto se manifiesta en el intervalo que los dueños no han podido llenar con sus palabras de propietarios y de poseedores”

Monique Wittig - Las guerrilleras [1]




Una podría preguntarse, hacia el interior de este heterogéneo movimiento que denominamos feminismo, ¿quién llorará a Natalia Gaitán? ¿es su vida digna de un duelo colectivo feminista? El cuerpo de Natalia compone ese conjunto de los que no importan ni cuentan, diría Judith Butler[2], pero no como desecho sino como condición de posibilidad para los que sí importan, esos cuerpos sujetos de la enunciación normativa heterosexual.
Su asesinato hizo emerger debates, silenciados o susurrados, en las entrañas de un movimiento que es, más bien, un campo incesante de complicidades, tensiones, rispideces, fricciones y conflictos. Sin embargo, todo movimiento social construye sus propios márgenes, voces y cuerpos que son arrinconados por las políticas del nombrar, por las políticas del olvido, por las políticas del saber, a la periferia de un centro que se instituye como la posición autorizada y legítima de la representación. Establecer cómo nombrar a la otra, olvidar nombrar a la otra, diseñar un saber sobre la otra, son algunos de los modos de regulación epistemológica y política de los cuerpos.

Lesbiana. Un nombre que es desbordado por esos cuerpos, deseos y voces que pugnan por desnaturalizar las convenciones del decir y los protocolos del actuar feminista. Lesbiana. Un olvido que rememora el desprecio por un deseo diferente y la compulsión al silencio que instituye un régimen sexo-político como la heterosexualidad. Lesbiana, un saber de la abyección que confronta al saber feminista que, así como desarmó la naturaleza de las asimetrías de poder entre hombres y mujeres, se empeña en naturalizar la diferencia sexual como justificación de “un” cuerpo para el accionar y la unidad políticas: las mujeres. Un saber feminista que produce un opacamiento, una ignorancia, un desconocimiento, acerca de las vidas cuyos trazados disienten de los marcados por la heteronormatividad.

Así, el guión actuado por el feminismo se vuelve dogmático y concluye siendo un gestor privilegiado de vaginas como causa de la lucha. Se torna hegemónico al institucionalizar una lógica de representación del movimiento que supone un sujeto privilegiado, portavoz, que no se posiciona ni corre riesgo alguno porque la exención de la marca –autoinvisibilización- de la propia posición es una operatoria de la norma. Esta descorporización del quién habla es pensable no sólo para la heterosexualidad, sino también y a su vez, para la clase, la blanquedad, la nacionalidad, el estándar corporal, la edad, la geopolítica, etc. Es un feminismo “hetero” no por su composición, sino por el atravesamiento de la heteronormatividad en sus postulados, acciones y discursos, que tiene efectos de minorización en las identidades sexuales y de género que no nos ajustamos a los parámetros del programa político definido de antemano. Cuestión que no se resuelve con enumeraciones inclusivas o listas exhaustivas de opresiones, sino con la práctica crítica de conectar piel y ojos, de combatir la universalidad como la premisa de las ficciones somáticas, de tener presente que estamos ubicadas y hablamos desde algún lugar del mapa, sea político, sexual, geográfico, corporal, etc., que nos localiza en posiciones ventajosas o de marginalidad.


Es preciso que la experiencia de esta muerte como rostro del aniquilamiento, se constituya en instancia reflexiva de un “nosotras” que nos habla pero que nos deja sistemáticamente afuera de las condiciones de enunciación.

Entonces, algunas preguntas se van formulando insidiosamente en la lectura de las intervenciones electrónicas[3], y aprovecho a borronear unas respuestas.


¿cuánto pierde el feminismo sin las lesbianas? Creo que perdería más de la mitad de sus participantes, aunque no activen abiertamente como lesbianas.


¿cuánto pierde el feminismo sin los cuestionamientos a la heteronormatividad? Demasiado, porque deja intacta la ley que fabrica cuerpos sexuados, que regular sus usos y placeres, que asigna el género con la violencia de los marcos disponibles de inteligibilidad cultural de los sujetos.


¿cuánto pierde la lucha por el derecho al aborto, por ejemplo, sin un despliegue de imaginarios sexuales que habiliten otras formas del coger sin reinscribir permanentemente la práctica coito-penetrativa como definitoria de la identidad “mujer”? Mucho, porque no se trata de sólo evitar muertes sino de imaginar vidas.

¿cuál sería la discusión, ahora, si una gran cantidad de feministas lesbianas que se amparan en los privilegios que la heterosexualidad otorga –entre muchos otros asuntos- en la circulación de la palabra, salieran del closet en sus propios movimientos y espacios populares, barriales, políticos, partidarios, vecinales, académicos? Me convenzo de que sería otra, y en otros términos.


¿qué sucedería si en un brote de “chauvinismo lésbico”[4] comenzáramos a aplicar la técnica del “outing”[5] en paneles, conferencias, cursos, que tenga como disertantes a lesbianas enclosetadas del movimiento? No se preocupen, no es una amenaza ni una advertencia, es una posibilidad de la acción directa. Además, de llegar a concretarla, no lo haríamos en nombre de la “nación lesbiana”, sino justamente para derribar las fronteras que las políticas de la heterosexualidad instituye entre privilegiadas y estigmatizadas. Es sólo un artificio retórico para llamar la atención de todas aquellas que se sientan o toman el micrófono para, en nombre del feminismo, hablarnos, explicarnos o silenciarnos.


No hay totalización narrativa en los discursos de las lesbianas feministas, las hay de todos los colores y lenguas, de las que organizamos nuestro cuerpo con la mano y la lengua como órganos sexuales y sus derivas en otras economías eróticas del cuerpo y los afectos, las hay que siguen sosteniendo que su vagina las vuelve categóricamente mujeres que aman a otras mujeres, las hay con variaciones corporales que hacen de la incertidumbre su política. Somos múltiples en nuestros discursos y perspectivas, y singularizamos los modos de decir y vivir un nombre.

No hay experiencia de autenticidad en nuestros testimonios y biografías, sólo acción performativa de la palabra que reescribe los términos con los cuales somos nombradas, pensadas e imaginadas.


Soy lesbiana no porque tenga un gen que lo prescriba, o un hemisferio cerebral distinto, o por una experiencia traumática con los hombres, o por herencia, o porque es innato, o porque tuve problemas en mi familia, o porque no resolví correctamente el –supuesto- complejo de Edipo, o porque quiero ser un hombre, o por un error de la naturaleza, o por la contaminación ambiental, …soy lesbiana tortillera torta trola marimacho chonga porque decido que esa palabra -empleada por los saberes científicos y su moral religiosa para convertirme en una enferma, una perversa, una degenerada- atraviese mi cuerpo, lo sacuda, y como una “posesa” expulse una vida construida a la medida de mis deseos. Esa es una experiencia política insoslayable y tediosamente creativa.


No hay años luz en las reflexiones políticas que muchas activistas lesbianas construimos cotidianamente, hay centímetros de puños que se alzan para golpearnos, hay grados acústicos en que se pronuncia el insulto y la injuria, hay metros de distancia de caricias que se inhiben, hay miles y miles de páginas que “nos explican” en la deficiencia, hay infinitos minutos de silencio que nos acallan, hay cientos de sesiones de terapia que inducen a la “normalidad”. A veces, solemos convertir esas magnitudes en una práctica curativa colectiva que hace de la fiesta el gesto inaugural del goce y la celebración de nuestras vidas.


Si el silencio no puede ser la respuesta social al fusilamiento de Natalia, el silenciamiento feminista no puede ser la escapatoria de la responsabilidad política de escuchar a las lesbianas, hablemos la lengua de la bronca, la desazón, la ironía o la irreverencia, porque construimos políticas del nombrar/se/nos desde los olvidos históricos y los saberes propios que nos dimos, y nos damos, para autoafirmar nuestra existencia. Si hubo un tono en el debate suscitado, fue el de la frondosidad de la violencia que talla las experiencias de nuestros cuerpos.


Como feministas, requerimos ejercitarnos, formatear, performar una sensibilidad político-afectiva que prefigure afinidades vitales, que, por ejemplo, antes de decir “no me acuerdo cómo se llama la compañera asesinada”, haya un gesto previo de buscar su nombre propio porque resulta tan valioso como cuando denunciamos las muertes por abortos clandestinos con nombre y apellido de las mujeres. No se trata de buenismo ni de corrección política, el primero por ser parte del programa hegemónico de feminización y el segundo porque es una forma de domesticación, que demasiados estragos han causado dentro del movimiento, soslayando debates, obturando flujos de saberes, expulsando cuerpos.


El binarismo ha cruzado la controversia, lesbianas/heterosexuales, lesbiana/tortillera, jóvenes/viejas, ira/buenos modales, desparpajo/respetabilidad, entre otros. No es casual tampoco que este debate se abra en un contexto de espectacularización de la política y mercantilización de las identidades, en el que el matrimonio como demanda de derechos gobierna la agenda política de las grandes organizaciones LGBT, reduciendo y acallando en nombre de valores liberales como la tolerancia y el buen ciudadano que paga sus impuestos, discusiones más complejas y radicales acerca de otras formas de convivencia, de amor y afectividad, de parentesco y acceso a derechos, etc.

Escapar no es sólo rehusar el debate, es también desconocer a la otra como interlocutora o disminuir su estatus como agente válido al ubicarla en el accidente de la diferencia, aquella misma que reconfirma la norma. En toda controversia se arriesga una òptica, una forma de ver y sentir el mundo; no se aprende en la armonía, sino con la trabajosa disección de nuestros puntos de vista, con las incisiones dolorosas que la escucha de la otra hace en el cuerpo de nuestros saberes.

Está en “nosotras” –cada cual se interrogará por su pertenencia- que la sonrisa de Natalia puesta a circular, certeramente, en las fotos que han sido publicadas, no sea clausurada por la convocatoria a callar porque todas se fueron y nos dejaron la luz prendida como señal de quién manda.



“Dicen que cultivan el desorden bajo todas sus formas. La confusión los disturbios las discusiones violentas los desórdenes los trastornos la discordia las incoherencias las irregularidades las divergencias las complicaciones los desacuerdos las desavenencias las colisiones las polémicas los debates las disputas las riñas los altercados los conflictos las desbandadas las catástrofes los cataclismos las perturbaciones las querellas las agitaciones las turbulencias las deflagraciones el caos la anarquía”
Monique Wittig – Las guerrilleras[6]




valeria flores

21 de marzo del 2010 neuquén – argentina




[1] Página 109. Seix Barral, Barcelona, 1971


[2] Cuerpos que importan. Paidós, Buenos Aires, 2002.


[3] Me refiero a los mails que circularon en esta lista, RIMA, a partir de opiniones y declaraciones emitidas por el asesinato de Natalia Gaitán.

[4] La acusación hacia las lesbianas de “exaltadas” y “exageradas” me hizo recordar un texto que escribí hace varios años acerca de la violencia epistémica que ello supone. Aunque hoy lo volvería a re-escribir, dado mis diversos desplazamientos políticos, creo que mantiene aún su vigencia. Para quienes están interesadas, “Frente al silencio, todo es desmesura”. La atribución de exageración como ofensa, está disponible en:
http://escritoshereticos.blogspot.com/2009/04/frente-al-silencio-todo-es-desmesura.html


[5] El “outing” es una táctica política que consiste en sacar del closet a personalidades que ocultan su identidad sexual disidente. Fue utilizada en los años ’90 por activistas queer, en los Estados Unidos, con famosos/as que consideraban hipócritas a la hora de ocuparse de las reivindicaciones de lesbianas y gays, especialmente, en lo relativo a las políticas sobre VIH-SIDA. La exhortación liberal a salir del closet se convierte, de este modo, en una revelación compulsiva para combatir el secreto y el silencio.

[6] Página 91.

lunes, 22 de marzo de 2010

Qué es el feminismo?

Olá mulherada!

Na reunião de quinta, decidimos começar pelo principio, vamos ler o 1º capitulo do livro FEMINISMO para principiantes, da espanhola Nuria Varela. Qué es el feminismo? La metáfora de las gafas (óculos) violetas.

Então nos encontraremos como toda quinta-feira na Comunidade Autônoma de Utopia e Luta, na escadaria da Borges. As reuniões são embaixo ou na sala 601, sempre as 19.00 horas.

Imprime o texto, e vem com ele já lido prontinha para o debate.

Abraços rebeldes





martes, 16 de marzo de 2010

retomamos reuniões do grupo de estudo


Oi companheiras!

Queremos convidar vcs. para retomarmos as reuniões do grupo de estudos. Este ano estamos fazendo uma mudança, as reuniões acontecerão na Comunidade Autônoma Utopia e Luta que fica na escadaria da Borges.

Nos reuniremos nesta quinta-feira, 19.00 horas na sala 601, para juntas planejarmos os textos a a serem debatidos em 2010.

Levem suas sugestões.

Um abraço rebelde e em luta

lunes, 8 de marzo de 2010

É preciso muito peito para derrubar o capital!

para ver as fotos realizadas por marian pessah, nos dias 3 e 4 de março: http://www.flickr.com/photos/mulheresrebeldes/sets/72157623448739607/

clarisse castilhos

primero en lengua brasilera

O 8 de março -dia Internacional das mulheres- é uma data muito cara ao movimento feminista. Infelizmente o seu verdadeiro significado vem sendo transfigurado pelo patriarcado capitalista num dia festivo de comemoração.

Para a ideologia dominante o 8 de março é o dia de vender mais eletrodomésticos, cosméticos e flores para as “rainhas do lar”. Nós não queremos ser “rainhas”! O que temos para comemorar? A que “mulher” estão se referindo quando falam no singular, como se existisse uma mulher-padrão que nos represente a todas. Mas não aceitamos esse modelo criado pelo imaginário patriarcal. Entre nós existem as lutadoras e as submissas e, nesse intervalo, há uma grande variedade de comportamentos e de aparências. Somos camponesas, operárias, estudantes, artistas, intelectuais e donas-de-casa. Somos negras, brancas, lésbicas, heterossexuais; mulheres com um histórico comum de opressões enquanto classe mulher e com alguns conflitos específicos a cada categoria.

Não queremos a igualdade do sistema, pois não aceitamos ser condenadas à infelicidade cotidiana proposta pelo patriarcado capitalista para mulheres e homens. Aliás, o fato de algumas terem acesso à universidade ou serem herdeiras de grandes negócios, de assumirem cargos de chefia, presidências de países, não significa que exista igualdade. Conquistamos, sofridamente, alguns direitos, mas tratam-se apenas de igualdades legais que não retratam nossos cotidianos. A violência física e psicológica está presente no dia - dia nos nossos corpos e mentes. Os assassinatos de mulheres crescem aceleradamente em todos os países e levam o nome de feminicidio.

Faz sentido esperar apoio da justiça? Sabemos que as instituições que administram esses direitos funcionam segundo a ordem patriarcal: a queixa na delegacia (mesmo a das mulheres) é recebida com desconfiança, desrespeito e piadas; os juízes forçam conciliações impossíveis; a sagrada família desencoraja porque isso pega mal e assim a coisa vai.

Nós, mulheres que conscientemente nos colocamos contra esse estado de coisas, que estivemos presentes nas atividades dos dias 3 e 4 de março de 2010, organizamos ações conjuntas entre campo e cidade. Atacamos diretamente o capital porque sabemos que ele, junto com o patriarcado, andam de braços dados, são as duas faces de uma mesma moeda que se chama opressão da humanidade.

Quando permanecemos dentro de casa limitadas apenas às tarefas do lar e aos cuidados das crianças, tendo sexo sem prazer, muitas vezes forçadas, obedecendo e dependendo dos companheiros ou companheiras, aceitando o papel designado pelos homens mesmo dentro do ativismo, nós estamos servindo à manutenção da ordem patriarcal e com isso contribuindo para que o capital cresça e engula nossos sonhos e desejos

Não há libertação possível com a relação de classes que mantém o capital. Não há libertação possível com a divisão social do trabalho entre homens e mulheres. São duas relações que se entrecruzam para a manutenção do poder instituído e, lembremos, levam à destruição da humanidade e da natureza.

O capital só se mantém dominando nossas mentes e criando espaços para novos investimentos e mais lucros. E quais são esses espaços? O controle das reservas minerais, dos combustíveis e das águas puras de nossos lençóis freáticos; a exploração extensiva de terras pelo agronegócio com a monocultura predatória e utilização de transgênicos e finalmente, com o crescimento das guerras e da violência urbana.

O Brasil, por sua extensão de terras, é um dos prediletos do agronegócio. Não é por nada que em 2009 atingiu o segundo lugar mundial na produção de transgênicos, que o PAC está inteiramente voltado para criar infraestrutura de apoio aos investimentos internacionais em regiões de grande extensão de terra, que o governo federal liberou a compra de terras em área de fronteira (caso da Stora Enzo, em Rosário do Sul- alvo da atividade do 8 de março de 2008 das mulheres do MST), que o governo do RS liberou terras para a plantação de cana, e assim por diante. Não é de surpreender ninguém que a primeira decisão do governo Lula foi a liberação dos transgênicos.

O objetivo do novo agronegócio é o aumento desmedido da produtividade para a criação de grandes estoques de grãos e de outros produtos agrícolas e de extração vegetal. Que fique bem nítido: o que buscam não é ampliar a oferta de alimentos, mas de matéria-prima industrial; de grãos para a especulação pura e simples e de biocombustível para a indústria automotiva. O “alimento” produzido nessas condições é extremamente maléfico à saúde humana e animal, mas é comercializado em larga escala porque pode ser vendido a baixo preço. Afinal eles serão consumidos apenas pela população pobre. Os alimentos orgânicos continuam sendo produzidos mas, nas atuais condições de mercado, são mais caros o que não se constitui em problema pois destinam-se ao consumo dos países ricos e das classes altas. Esta divisão representa uma ideologia fascista e eugenista, pois o papel dos pobres do mundo é apenas executar trabalho alienado e mal pago, servindo ao topo da pirâmide social.

Para aumentar a oferta de produtos agrícolas transgênicos, as multinacionais ocupam terras com monocultura, invadem a pequena propriedade, acabando com a produção das hortas familiares diversificadas e orgânicas, transformando a pequena agricultura e os assentamentos em simples fornecedores dependentes das multinacionais. A população que antes tirava a sua alimentação diretamente de sua produção se transforma em empregadxs mal remunaradxs ou desempregadxs. Sxs filhxs vão para a cidade servir de pasto para a prostituição, marginalidade e violência urbana.

Por tudo isto, nos dias 03 e 04 de março de 2010, as mulheres do campo e da cidade, escolhemos como alvo simbólico a empresa SOLAE, fundada em 2003 a partir de aliança entre a Dupont (produtora de agrotóxico) e a Bunge (multinacional de sementes e de comida industrializada): um dos maiores complexos de processamento de soja transgênica da América Latina.

Lá, na frente da empresa, cantamos nossas canções de libertação e, simbolicamente, amamentamos pequenos esqueletos, construídos em conjunto, ao ritmo de nossas conversas e sonhos de liberdade. Essas nossas “crianças” representavam xs filhxs amamentadxs por mães alimentadas por transgênicos. Essas mães que contra sua vontade, ou sem o saber, estão criando uma geração de doentes e sem capacidade de pensar.

Mostramos nossos peitos sem silicone e, sem nos importar com padrões de beleza, afrontamos a moral opressora. Com esse gesto simples e transgressor buscamos conscientizar a população sobre o verdadeiro significado do agronegócio e sobre o poder patriarcal que nos coloca dentro de papéis bem delimitados: assexuadas e insatisfeitas mães de família ou prostitutas; empresárias ou trabalhadoras; todas feitas para servir ao mundo dos homens.

Esse nosso desvendar, retirou o véu da hipocrisia e procurou mostrar através de nossos corpos expostos, a trágica realidade que vivemos duplamente oprimidas pelas relações de trabalho e de sexo; pelos patrões e pelo cotidiano de submissão que vivemos dentro da estrutura familiar burguesa.

Nós, mulheres rebeldes, estamos juntas com as companheiras da Via Campesina e dos grupos urbanos que participaram dessa ação, e acreditamos que a luta contra o capital e contra o patriarcado é a mesma e o seu fim é a libertação humana.

Por isso afirmamos: é preciso ter muito peito para derrubar o capital!


agora em lingua argentina

¡Es preciso sacar el pecho para derribar el capital!

clarisse Castilhos

fotos realizadas por marian pessah, los días 3 y 4 de marzo: http://www.flickr.com/photos/mulheresrebeldes/sets/72157623448739607/

El 8 de marzo - día Internacional de las mujeres - es una fecha muy especial para el movimiento feminista. Infelizmente, su verdadero significado viene siendo transfigurado por el patriarcado capitalista en un día festivo de conmemoración.

Para la ideología dominante, el 8 de marzo es un día para vender más electrodomésticos, cosméticos y flores para las “reinas del hogar”. ¡Nosotras no queremos ser “reinas”! ¿Qué tenemos para conmemorar?

¿A qué “mujer” se refieren cuando hablan en singular? Como si existiera una mujer-padrón que nos represente a todas. No aceptamos ese modelo creado por el imaginario patriarcal. Entre nosotras existen las luchadoras y las sumisas, en este intervalo, hay una gran variedad de comportamientos y de apariencias. Somos campesinas, obreras, estudiantes, artistas, intelectuales y amas-de-casa. Somos negras, blancas, lesbianas, heterosexuales; mujeres con un histórico común de opresiones en cuanto clase mujer y con algunos conflictos específicos a cada categoría.

No queremos la igualdad del sistema, no aceptamos ser condenadas a la infelicidad cotidiana propuesta por el patriarcado capitalista para mujeres y hombres. Además, el hecho de que algunas tengan acceso a la universidad o sean herederas de grandes negocios, de que asuman cargos como jefas, presidencias de países, no significa que exista igualdad. Conquistamos, sufridamente, algunos derechos, pero se tratan apenas de igualdades legales que no retratan nuestros cotidianos. La violencia física y psicológica está presente en el día – día en nuestros cuerpos y mentes. Los asesinatos de mujeres crecen aceleradamente en todos los países, se llama feminicidio.

¿Tiene sentido esperar apoyo de la justicia? Sabemos que las instituciones que administran estos derechos funcionan según el orden patriarcal: las denuncias en las comisarías (aunque de mujeres) es recibida con desconfianza, falta de respeto y chistes; los jueces fuerzan conciliaciones imposibles; la sagrada familia pierde sus fuerzas porque esto cae mal y así continúa.

Nosotras, mujeres que conscientemente nos colocamos contra este estado de cosas, que estuvimos presentes en las actividades de los días 3 y 4 de marzo de 2010, organizamos acciones conjuntas entre campo y ciudad. Atacamos directamente el capital porque sabemos que él, junto con el patriarcado, andan de brazos entrelazados, son las dos caras de una misma moneda que se llama opresión de la humanidad.

Cuando permanecemos dentro de casa limitadas apenas a las tareas del hogar y a los cuidados de lxs niñxs, teniendo sexo sin placer, muchas veces forzadas, obedeciendo y dependiendo de los compañeros o compañeras, aceptando el papel asignado por los hombres - mismo dentro del activismo -, nosotras estamos sirviendo a la manutención del orden patriarcal y así, contribuyendo para que el capital crezca y se trague nuestros sueños y deseos

No hay libertación posible con la relación de clases que mantiene el capital. No hay libertación posible con la división social del trabajo entre hombres y mujeres. Son dos relaciones que se entre-cruzan para la manutención del poder instituido y, recordemos, llevan a la destrucción de la humanidad y de la naturaleza.

El capital se mantiene dominando nuestras mentes y creando espacios para nuevas inversiones y más lucros. ¿Cuáles son esos espacios? El control de las reservas minerales, de los combustibles y de las aguas puras de nuestras reservas; la exploración extensiva de tierras por el agronegocio con la monocultura predatoria y utilización de transgénicos y finalmente, con el crecimiento de las guerras y de la violencia urbana.

Brasil, por su extensión de tierras, es uno de los predilectos del agronegocio. No es por coincidencia que en 2009, alcanzó el segundo lugar en el mundo en la producción de transgénicos, que el PAC (Programa de Aceleración del Crecimiento del gobierno de Lula) está enteramente volcado a crear infraestructura de apoyo a las inversiones internacionales en regiones de grandes extensiones de tierra, que el gobierno federal liberó la compra de tierras en área de frontera (caso de Stora Enzo, en Rosario del Sur - centro de las actividades del 8 de marzo de 2008 de las mujeres del MST), que el gobierno de Rio Grande del Sur liberó tierras para la plantación de caña de azúcar, etc. No es de sorprender a nadie que la primera decisión del gobierno de Lula haya sido la liberación de los transgénicos.

El objetivo del nuevo agronegocio es el aumento desmedido de la productividad para la creación de grandes stokes de granos y de otros productos agrícolas y de extracción vegetal. Que quede bien nítido: lo que buscan no es ampliar la oferta de alimentos, sino de materia-prima industrial; de granos para la especulación pura y simple y de biocombustible para la industria automotriz. El “alimento” producido en esas condiciones es extremadamente maléfico a la salud humana y animal, pero es comercializado en gran escala porque puede ser vendido a bajo precio. Finalmente, quienes los consumirán, serán las poblaciones pobres. Los alimentos orgánicos continúan siendo producidos, aunque en las actuales condiciones de mercado, son más caros, lo que no constituye un problema pues se destinan al consumo de los países ricos y de las clases altas. Esta división representa una ideología fascista y eugenista, pues el papel de los pobres del mundo es apenas ejecutar trabajo alienado y mal pago, sirviendo a la cumbre de la pirámide social.

Para aumentar la oferta de productos agrícolas transgénicos, las multinacionales ocupan tierras con monocultura, invaden la pequeña propiedad acabando con la producción de las huertas familiares diversificadas y orgánicas, transformando la pequeña agricultura y los asentamientos en simples fornecedores dependientes de las multinacionales. La población que antes se alimentaba de su propia producción, se transforma en empleadxs mal pagxs o desempleadxs. Sus hijxs van a las ciudades a servir de pasto para la prostitución, marginalidad y violencia urbana.

Por todo esto, durante los días 3 y 4 de marzo de 2010, las mujeres del campo y de la ciudad, elegimos como objetivo simbólico la empresa SOLAE, fundada en 2003 a partir de la alianza entre Dupont (productora de agrotóxico) y Bunge (multinacional de semillas y de comida industrializada): uno de los mayores complejos de procesamiento de soja transgénica de América Latina.

Una vez al frente de la empresa, cantamos nuestras canciones de libertación y, simbólicamente, amamantamos pequeños esqueletos, construidos en conjunto, al ritmo de nuestras charlas y sueños de libertad. Nuestrxs “bebés” representaban lxs hijxs amamantadxs por madres alimentadas por transgénicos. Estas madres que contra su voluntad, o sin saberlo, están criando una generación de enfermxs y sin capacidades para pensar.

Mostramos nuestros pechos sin siliconas y, sin importarnos con padrones de belleza, enfrentamos la moral opresora. Con ese gesto simple y transgresor buscamos concientizar a la población sobre el verdadero significado del agronegocio y sobre el poder patriarcal que nos coloca dentro de papeles bien delimitados: asexuadas e insatisfechas madres de familia o prostitutas; empresarias o trabajadoras; todas hechas para servir al mundo de los hombres.

Retiramos el velo de la hipocresía y procuramos mostrar a través de nuestros cuerpos expuestos, la trágica realidad que vivimos doblemente oprimidas por las relaciones de trabajo y de sexo; por los padrones y por un cotidiano de sumisión que vivimos dentro de la estructura familiar burguesa.

Nosotras, mulheres rebeldes, estamos junto con las compañeras de la Vía Campesina y de los grupos urbanos que participaron de esta acción, y creemos que la lucha contra el capital y contra el patriarcado es la misma y su finalidad es la libertación humana.

Por eso afirmamos: ¡es preciso sacar el pecho para derribar el capital!