miércoles, 22 de abril de 2009

O MST esclarece os acontecimentos no Pará


Em relação ao episódio na região de Xinguara e Eldorado de Carajás, nosul do Pará, o MST esclarece que os trabalhadores rurais acampadosforam vítimas da violência da segurança da Agropecuária Santa Bárbara.Os sem-terra não pretendiam fazer a ocupação da sede da fazenda nemfizeram reféns. Nenhum jornalista nem a advogada do grupo foram feitosreféns pelos acampados, que apenas fecharam a PA-150 em protestos pelaliberação de três trabalhadores rurais detidos pelos seguranças. Osjornalistas permaneceram dentro da sede fazenda por vontade própria,como sustenta a Polícia Militar. Esclarecemos também que:


1- No sábado (18/4) pela manhã, 20 trabalhadores sem-terra entraram namata para pegar lenha e palha para reforçar os barracos do acampamentoem parte da Fazenda Espírito Santo, que estão danificados por contadas chuvas que assolam a região. A fazenda, que pertence àAgropecuária Santa Bárbara, do Banco Opportunity, está ocupada desdefevereiro, em protesto que denuncia que a área é devoluta. Depois derecolherem os materiais, passou um funcionário da fazenda com umcaminhão. Os sem-terra o pararam na entrada da fazenda e falaram queprecisavam buscar as palhas. O motorista disse que poderia dar umacarona e mandou a turma subir, se disponibilizando a levar a palha e alenha até o acampamento.


2- O motorista avisou os seguranças da fazenda, que chegaram quando ostrabalhadores rurais estavam carregando o caminhão. Os segurançaschegaram armados e passaram a ameaçar os sem-terra. O trabalhadorrural Djalme Ferreira Silva foi obrigado a deitar no chão, enquanto osoutros conseguiram fugir. O sem-terra foi preso, humilhado e espancadopelos seguranças da fazenda de Daniel Dantas.


3- Os trabalhadores sem-terra que conseguiram fugir voltaram para oacampamento, que tem 120 famílias, sem o companheiro Djalme. Avisaramos companheiros do acampamento, que resolveram ir até o local daguarita dos seguranças para resgatar o trabalhador rural detido. Logodepois, receberam a informação de que o companheiro tinha sidoliberado. No período em que ficou detido, os seguranças mostraram umalista de militantes do MST e mandaram-no indicar onde estavam. Depois,os seguranças mandaram uma ameaça por Djalme: vão matar todas aslideranças do acampamento.


4- Sem a palha e a lenha, os trabalhadores sem-terra precisavam voltarà outra parte da fazenda para pegar os materiais que já estavamseparados. Por isso, organizaram uma marcha e voltaram para retirar apalha e lenha, para demonstrar que não iam aceitar as ameaças. Osjornalistas, que estavam na sede da Agropecuária Santa Bárbara,acompanharam o final da caminhada dos marchantes, que pediram paraeles ficarem à frente para não atrapalhar a marcha. Não havia aintenção de fazer os jornalistas de “escudo humano”, até porque ostrabalhadores não sabiam como seriam recebidos pelos seguranças.Aliás, os jornalistas que estavam no local foram levados de avião pelaAgropecuária Santa Bárbara, o que demonstra que tinham tramado umaemboscada.


5- Os trabalhadores do MST não estavam armados e levavam apenasinstrumentos de trabalho e bandeiras do movimento. Apenas um posseiro,que vive em outro acampamento na região, estava com uma espingarda.Quando a marcha chegou à guarita dos seguranças, os trabalhadoressem-terra foram recebidos a bala e saíram correndo – como mostram asimagens veiculadas pela TV Globo. Não houve um tiroteio, mas umatentativa de massacre dos sem-terra pelos seguranças da AgropecuáriaSanta Bárbara.


6- Nove trabalhadores rurais ficaram feridos pelos seguranças daAgropecuária Santa Bárbara. O sem-terra Valdecir Nunes Castro,conhecido como Índio, está em estado grave. Ele levou quatro tiros, noestômago, pulmão, intestino e tem uma bala alojada no coração. Depoisde atirar contra os sem-terra, os seguranças fizeram três reféns.Foram presos José Leal da Luz, Jerônimo Ribeiro e Índio.


7- Sem ter informações dos três companheiros que estavam sob o poderdos seguranças, os trabalhadores acampados informaram a PolíciaMilitar. Em torno das 19h30, os acampados fecharam a rodovia PA-150,na frente do acampamento, em protesto pela liberação dos trêscompanheiros que foram feitos reféns. Repetimos: nenhum jornalista nema advogada do grupo foram feitos reféns pelos acampados, maspermaneceram dentro da sede fazenda por vontade própria. Os sem-terraapenas fecharam a rodovia em protesto pela liberação dos trêstrabalhadores rurais feridos, como sustenta a Polícia Militar.


MOVIMENTOS DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA – PARÁ

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