lunes, 24 de noviembre de 2008

reunião dia 26 de novembro




Olá pessoal, e aí? Como vão as coisas? Temos a sensação de que já passou tanto tempo desde a nossa última reunião... Será porque estão surgindo tantas questões interessantes que nos deixam pensando? Mas, nos parece que tudo tem um mesmo fio condutor e é isso que queremos aprofundar em cada encontro.

Na última reunião foi levantado o tema de como as lésbicas encaramos o amor e os nossos relacionamentos, fidelidade / infidelidade, relacionamentos abertos, amor livre, casal fechado, ciúmes etc. e combinamos continuar conversando sobre isso na próxima reunião. Porém, achamos que é necessário aproveitar o momento e fazer uma avaliação da parada livre e da caminhada lésbica. Desde o nosso ponto de vista, sempre rebelde, Porto Alegre está precisando refletir um pouco, repensar essa atividade já “tradicional” - com todos os defeitos e qualidades que implica a palavra tradicional. É preciso pensar para onde ir ou que queremos dessa data, a partir do ponto de vista dos movimentos sociais, dos rumos que está vivendo a sociedade onde, quer se queira ou não, estamos inseridxs.

Dado que nossas reuniões de reflexão estão voltadas também para a geração de textos e escritos novos de feministas e feministas lésbicas, propomos ler o texto que as mulheres rebeldes escrevemos recentemente e o Manifesto lésbico feminista – anti capitalista que foi escrito juntamente com vários grupos desta cidade para o dia da visibilidade lésbica.
Isso não significa que a questão de amores/relacionamentos, etc, deva ser abandonada, pelo contrário, é um tema que nos interessa particularmente.

Para sermos mais produtivas sugerimos que nossa discussão seja pautada por algumas questões:
- qual o objetivo da “parada”?
- ela é realmente LGBT?
- Sempre se fala de leis, de direitos; para além disso, o que acontece com as violências vividas no interior das famílias e dos núcleos afetivos? E com as agressões físicas e verbais que se sofre na rua?


Por favor imprimam os textos anexados e levem para a reunião.


quarta-feira 26 de novembro 18,30 horas na Travessa Francisco Leonardo Truda 40, sobreloja – Porto Alegre/RS.

Fones : 51 – 3333 3538 / 9239 1891 / 9253 4300
mulheres_rebeldes@hotmail.com

http://mulheresrebeldes.blogspot.com/

a seguir os textos que também estão subidos na nossa bloga

Cultivar nossos direitos ou semear nossas esquerdas?

No domingo 16 de novembro aconteceu em Porto Alegre a 12º Parada Livre, a sua palavra de ordem foi “cultive seus direitos”. Mais uma vez queremos repensar a palavra direitos que preferimos chamar de esquerdas. De fato foi assim que nos expressamos vários grupos desta cidade no manifesto lésbico feminista anti-capitalista .
A partir desse mesmo ponto de vista queremos discutir a proposta dos grupos da organização da “Parada” cujo espaço está dominado pela ordem patriarcal-comercial . Por isso, antes de tudo, se faz necessário visibilizar um “feminino” sempre oculto, escondido, negado frente a um “neutro” generalizador – diríamos – totalizador.
Além disso, e é desse tema que queremos tratar, propomos pensar em semear esquerdas porque falar delas sugere a opção de dar a volta e enxergar as nossas realidades quotidianas desde um outro canto.

Nos propomos começar pela base: quais são os objetivos do movimento LGBT, o que queremos, quais nossos sonhos, as nossas utopias? Vamos desligar por um momento o som das boites que inundam a cada ano a “Parada” para assim movimentar os neurônios.
É preciso tomar consciência que já existem leis que ainda não se conhecem ou não se sabe direto como implementá-las; ainda há pessoas que não se atrevem a falar abertamente da sua lesbianidade / transsexualidade/ homossexualidade; ainda há pessoas que acreditam que pelo fato de pagar impostos merecem direitos. Achamos que temos um longo caminho a transitar e não somente pela faixa da direita, nem dos tapa-buracos.

Nós, MULHERES REBELDES, consideramos a nossa lesbianidade uma ferramenta polítika representada com um machadinho – vejam bem – duplo . Não esperamos iniciativas ditadas pelos governos, FMI, Banco Mundial ou Unifem.
Se ainda tem pessoas que não se atrevem a assumir a sua lesbianidade / transsexualidade / homossexualidade; se ainda tem crianças que morrem de fome; mulheres sem a liberdade para abortar e sem autonomia nos próprios corpos; latifúndios produtivos ou improdutivos – mas de um único dono – enquanto tem gente que não tem nem um pedacinho de terra onde plantar mandioca ou feijão; se ainda existe um Brasil racista; a nossa luta não pode se restringir à busca de igualdades dentro de um mundo desigual.

Para isso existe o nosso labrys, para dar visibilidade às injustiças, remover as terras e semear comida, idéias, revoluções. Junto a ele temos a força materializada das nossas amazonas.
Para que nunca mais uma mulher nos diga na “Parada” que já não há revolucionarixs entre nós.
Nós, MULHERES REBELDES, lutamos pela transformação da sociedade e a única reforma em que acreditamos é na reforma agrária porque sendo levada pelo MST, e no contexto histórico em que ocorre, está mais para revolução agrária.
É por isso que a nossa preocupação é transversalizar as lutas. Não acreditamos numa causa única e sim no conjunto delas.
Porque os direitos das pessoas burguesas que pagam (ou sonegam) seus impostos e acham que isso é suficiente como exercício de cidadania, e aquelas pessoas que sequer participam do mundo dos impostos existe um abismo. É importante lembrar que entre elxs existem lésbicas, gays, travestis, transsexuais e bissexuais pois nós transversalizamos a classes sociais. Mesmo que todas tenham os mesmo direitos legais, eles nunca existirão de fato, ou na prática, pelo menos dentro do universo da extrema desigualdade que se vive no capitalismo neoliberal.

Por tudo isto que desejamos e propomos semear esquerdas – no mais amplo sentido - para assim poder colher frutos de outras plantas. Plantas livres, pensantes, que tragam nelas o germe da revolução permanente.
Esses são os nossos sonhos, esta é a nossa luta.


MULHERES REBELDES
novembro de 2008


MANIFESTO LÉSBICO FEMINISTA ANTI CAPITALISTA

Em 1948 a cultura patriarcal machista, redigiu a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, mais conhecida como a “Declaração Universal dos direitos do HOMEM”, numa demonstração fiel e explicita do sexismo vigente na cultura, na estrutura e na linguagem da sociedade moderna.
Nós, LÉSBICAS FEMINISTAS, acreditamos que o dia 29 de agosto, Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, seja uma data para além da visibilidade, para denunciar a discriminação, a lesbofobia o machismo, o racismo e o classismo em que esta sociedade se sustenta, principalmente nos discursos científicos e religiosos que naturalizam e normatizam as famílias tornando-as nada mais que núcleos primários de reprodução das idéias conservadoras e da monogamia que faz o jogo do capitalismo.

Nos propomos, como Lésbicas Feministas, a “reparar” esse horrível e discriminatório fato acontecido 60 anos atrás, e consideramos que a data de 29 de agosto, Dia Nacional da VISIBILIDADE lésbica, é uma ótima oportunidade para, mais uma vez, apontar e denunciar esse patriarcado que nos oprime. Esse sistema homo-lesbo e transfóbico que gosta tanto de “ordens naturais” e que não faz mais do que cuidar das famílias consideradas bem concebidas
E para sair do discurso e entrar no campo da ação faremos, a partir de agora, a Declaração das Esquerdas Humanas, uma reparação não apenas lingüística, mas de fundo, à declaração de 1948.
Nós, viragos, sapatas, femmes, sapas, sapatonas, thildes, bolachas, fanchas, laidys, machorras, caminhoneiras, bofinhos, fanchonas, tortilleras, LÉSBICAS Somos e queremos ser diferentes - anormais - pois não seguimos a norma heterossexual, branca, masculina, burguesa e capitalista na qual se funda a hipócrita sociedade contemporânea ocidental. E assumir esta diferença e anormalidade impõe uma nova linguagem que explicite a nossa rebeldia.
Toda a vez que formos chamadas para obtermos “os mesmos direitos” falaremos em obter “esquerdas desiguais”, pois são nas diferenças que encontramos nossa essência.
Retiraremos de nosso vocabulário a palavra família, com todo o seu peso judaico-cristão, capitalista e monogâmico, e a trocaremos por “núcleos afetivos”.
Não queremos casamento, queremos uniões afetivas, não queremos hierarquia, queremos uma sociedade livre de fato, com todas as suas diferenças, livre de preconceitos e fobias, livre do peso da opressão sexista, machista, racista e capitalista.
Manteremos e sustentaremos o direito aos nossos corpos, à nossa sexualidade, ao nosso prazer e a condição de expressá-lo com quem desejarmos e aonde desejarmos, como seres livres e soberanos que somos.

Hoje após 40 anos daquele glorioso maio Francês, onde nossas precursoras se rebelaram, queimando soutiens nas ruas, e através dos muros pichados gritávamos “imaginação ao poder”, ousando nos tornar VISÍVEIS, queremos lembrar que continuamos a preferir ser metamorfoses ambulantes do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

Porto Alegre, 29 de agosto de 2008.

Assinam este manifesto: mulheres rebeldes, Outra Visão, Liga Brasileira de Lésbicas, Coletivo Candace BR, Acarmo LBT, Lésbicas Independentes, Fuxico de Terreiro, Coletivo Nacional das Transexuais-rs, Pontão de Cultura Digital Minuano, Rede Nacional da Saúde das Lésbicas Negras (SAPATÁ).






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